Literatura, viagens e outras deslocações
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
Novo endereço
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
O convite à viagem
Irmã, filha, escuta,
Pensa na doçura
De irmos para lá viver, sim!
Amar à vontade,
Amar e morrer
Nessa terra igual a ti!
Os húmidos sóis
Dos nevoentos céus
Têm para mim os encantos
Assim misteriosos
Dos teus falsos olhos,
Entre as lágrimas brilhando.
Lá tudo é beleza e luxo,
É ordem, calma e volúpia.
Móveis reluzentes,
Polidos pelo tempo,
Decorariam a câmara;
As mais raras flores
Fundindo os odores
Ao vago aroma do âmbar,
Riquíssimos tectos,
Profundos espelhos,
O esplendor oriental,
Tudo falaria
Com a alma em surdina
A sua língua natal.
Lá tudo é beleza e luxo,
É ordem, calma e volúpia.
Vê nesses canais
Dormir essas naus
Cujo humor é vagabundo;
É para saciar
As tuas vontades
Que vêm do fim do mundo
– Os sóis, já deitando-se,
Envolvem os campos,
Os canais, toda a cidade,
Com oiro e jacinto;
E o mundo dormindo
Numa quente claridade.
Lá tudo é beleza e luxo.
É ordem, calma e volúpia.
Charles Baudelaire, As Flores do Mal (trad. Fernando Pinto do Amaral)
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
livros sobre viagens (8)
The Tao of Travel é uma antologia pessoal em que a melhor literatura de viagens se cruza com os textos de Paul Theroux.
O autor fala sobre os livros, o seu e os de outros escritores-viajantes, em entrevista ao The Atlantic.
Notas de viagem (9)
Annemarie Scharzenbach, «A Estepe», Cadernos de Literatura Comparada nº 18, trad. Andreia Silva e Catarina Ramos, pp. 185-198.
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
Lugares para visitar com livros debaixo do braço
terça-feira, 4 de outubro de 2011
livros sobre viagens (7)

«Uma poética da geografia pressupõe esta arte de deixar inebriar-se pela paisagem para em seguida cumprir o desejo de a compreender, avaliar os seus contornos antes de partir para destinos lúdicos em que o poeta persegue o geógrafo e o filósofo, entendido como complemento e não como inimigo» (p. 118).
Onfray, Michel (2009), Teoria da Viagem: Uma Poética da Geografia, Lisboa, Quetzal, p.118
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
livros sobre viagem (5)
livros sobre viagens (4)

Alexandra Lucas Coelho, «Público»
Em “Alma de Viajante” Filipe Morato Gomes colige o relato de 14 meses de viagem da “volta ao Mundo” publicado no suplemento Fugas do jornal Público. Com 208 páginas em papel couché, esta obra conta com um design gráfico elegante e atractivo, e uma selecção de belíssimas fotografias tiradas durante a viagem. A edição contou com o generoso apoio do operador turístico Soltrópico.O livro está nas livrarias de Portugal desde Junho de 2007, com a chancela das Edições Cão Menor.
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
O Viajante
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Relato de viagens na e fora da Europa (Espanha, Reino Unido, Portugal, Tunísia, Zimbabué, Etiópia e Marrocos), Traços de Viagem de Manuel João Ramos dá-nos a conhecer um narrador que observa e regista, para olhar criticamente mundos culturais e linguísticos diferentes. Ao contrário do viajante oitocentista, não lhe interessa “rebuscar a Lusitânia nos caixotes do lixo das histórias dos outros povos (…). Não viajo para reencontrar raízes lusas e não me vejo contemplando fascinado as Portas de Santiago em Malaca, as ruínas barrocas e bolinhos da Velha Goa, as derribadas estátuas coloniais de Bolama, ou os bares de praia de Fortaleza” (Traços de Viagem).
A co-presença dialogante entre texto e ilustração que já encontrávamos em Histórias Étíopes (2000), continua em Traços de Viagem e, a todo o momento, o narrador lembra a companhia constante do seu caderno de viagem a servir propósitos diversos: “Desenhar não é (…) apenas um passatempo e um exercício de disciplina da memória visual: é também um meio de comunicação entre mim e os mundos por onde viajo, que me permite por vezes escapar ao cliché da alteridade – isto é, humanizo-me um pouco, não fundindo-me ou confundindo-me com um mundo social a que sou estranho, mas tornando-me aí o exótico do exótico” (Histórias Etíopes). E como se refere em Traços de Viagem, “Que sentido fará deixar para outros algum traço das nossas viagens? Talvez apenas aquele sentido que se expressa nas palavras de Salomão: o mundo gasta-se, erode-se, destrói-se e altera-se, mas, nos traços que nele deixamos, ficam preservados – como num molde invisível – os múltiplos sulcos que foram feitos antes dos nossos”.
(Manuel João Ramos, Traços de Viagem, Bertrand Editora, 2009)


